Wednesday, November 01, 2006

Calvário


No cálice que se diz santo.
Busco a embriaguez permanente.
No sacro soar enferrujado dos sinos,
eu rio e choro, numa dança demente.
No resto do pão mal dividido
Farto-me como se fosse banquete.
Nas penitências que não absolveme
não nos redimem as falhaseu adormeço,
e a cruz que carrego
não pesa mais que palha.
Pelas mãos erradas que constroem o sacrário
Pelas contas, tontas,
de tantos dedosa girar o rosário.
Pela porção "anjo" e "demônio"
que nos é hereditário.
Pelas vozes que orientam e confundem
e não hesitam em crucificar-nos a
todo instante
Confesso-me culpado, por ainda ser
tão parecido como antes.
E não preciso de julgamento, sigo só, voluntário.
Pois meu corpo tem as trilhas, os trilhos
chegarei ao meu calvário.

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